SINOPSE
Este conto pertence ao livro Histórias do tio Karel.
Leia um trecho:
— O sol era uma criança esquisita — começou Karel. — Nunca teve pai nem mãe. Ninguém sabe de onde ele veio. Ele simplesmente surgiu na beira da estrada um dia. Antigamente, quando os homens da Antiga Raça, pessoas muito velhas que viveram há muito tempo, perambulavam em busca de caça, ouviram um gemido agudo e distante. Não era um antílope, nem uma perdiz, nem um filhote de avestruz. Não conseguiam imaginar o que era, e o gemido não parava.
Karel balançava a cabeça e imitava os gemidos.
— E por que não foram ver o que era? — perguntou Willem.
— Eles foram, senhorzinho. Vasculharam os arbustos de avelós na beira da estrada até que encontraram um bebezinho escuro. A criança estava bem quietinha, olhando para todos os lados. Só que não se parecia nada com um bebê, senhorzinhos, era como se fosse uma criança velha, e dos seus olhos saíam fachos de luz muito brilhantes, mais brilhantes do que o isqueiro do tio. Quando viu os homens, o bebê começou a resmungar novamente:
“Me levem, me levem! Me tirem daqui e me levem com vocês!”
“Ora essa, ele sabe falar!”, disse um dos homens. “Que criança mais bonita! Onde está sua família, e por que te deixaram aqui?” Mas o solzinho não respondeu, só disse: “Me coloquem em uma bolsa e me levem com vocês. Estou cansado e não consigo andar”.