SINOPSE
A Farsa, de Raul Brandão, inicia-se em meio a uma atmosfera sombria, onde a chuva incessante, a névoa e as ruínas de uma vila moldam um cenário entre o real e o pesadelo. No centro desse ambiente sufocante, ecoa o lamento de um homem agarrado ao caixão da mulher morta, grito que atravessa a noite e revela a dor sincera diante da indiferença dos que o cercam. Em contraste com esse desespero, surgem figuras grotescas e banais – velhas austeras, o padre indiferente, o escrivão ganancioso – todos presos às máscaras sociais, repetindo frases gastas que soam vazias. Assim, Brandão contrapõe a dor humana verdadeira à secura da hipocrisia e da rotina, transformando a cena de velório em um retrato trágico e farsesco da própria vida.