SINOPSE
Um conto de Contos da selva, de Horacio Quiroga.
Leia um trecho:
Era uma vez um veado — uma corça — que tinha filhos gêmeos, coisa rara entre os veados. Um gato selvagem comeu um deles, e apenas a fêmea sobreviveu. As outras corças, que a amavam muito, sempre faziam cócegas em seus flancos.
Sua mãe a fazia repetir todas as manhãs, ao raiar do dia, a oração do veado. E ela era assim:
I. Você tem de cheirar as folhas antes de comê-las, porque algumas são venenosas;
II. É preciso dar uma boa olhada no rio e ficar parada antes de descer para beber, para ter certeza de que não há jacarés;
III. A cada meia hora, você tem de levantar a cabeça e sentir o cheiro do vento, para sentir o cheiro da onça;
IV. Quando comer grama do chão, sempre olhe primeiro para o mato para ver se há cobras.
Este é o Pai Nosso do pequeno veado. Quando a pequena corça o aprendeu de cor, sua mãe a deixou sair sozinha.